domingo, 30 de dezembro de 1984

"Corpo a Corpo" primeiras impressões


     Entrando, "Corpo a Corpo", no capítulo 30, já dá para formular as primeiras observações críticas. Parece ser a mais madura telenovela de Gilberto Braga. Ela traz, inclusive, alguma coisa do clima de "Dancin' Days", seu melhor trabalho no gênero, pois ainda não havia optado pelo novelão rasgado como postura de protesto contra o intelectualismo como qual de trata a matéria telenovela no Brasil.

    Em "Corpo a Corpo", como em "Dancin' Days", o material é a "luta pela ascesão social". Gilberto Braga é um agudo analista da classe média, da alta e baixa burguesia, pintor do universo urbano que constitui a matéria humana e social componente da média da audiência. Seus personagens estão sempre envolvidos nas tramas do mito da cinderela. São pobres querendo subir, são ricos carregados de problemas e de dificuldades de enfrentar a perda de valores humanos, políticos, sociais, religiosos, por isso apaixonando-se por pobres não corrompidos. É um autor em quem a preocupação ética sobreleva.

    "Corpo a Corpo" traz a novidade de um personagem misterioso, algo sobre o paranormal, retomando a tradição de Janete Clair. Nota-se, ainda, na novela uma ótima construção de personagens, bem como diálogos cada vez mais claros e melhor adaptados aos personagens que os falam.

    Os letreiros de Hans Donner são bonitos e pretensiosos como lhe é comum. Noto vários atores com inflexão errada. Sonoplastia fraquíssima. Excelente trabalho de iluminação, montagem, produção e direção de atores. Débora Duarte dando um banho de interpretação e Malu Mader uma encantadora revelação.

Revista da TV - 30/12/1984


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