Gilberto Braga sempre disse admirar Janete Clair, com quem todos aprendemos em matéria de comunicação popular. Na semana que passou, a previsão daquele "diabo" de "Corpo a Corpo" fez Débora Duarte, a Eloá, dar um grito na hora em que soube da queda do avião, que me arrepiou por inteiro, tal a força da danada.
Seja aquele misterioso personagem aparição, duende, demônio corporificado ou um vivo muito vivaldino, o fato é que a tensão está instalada na obra e a aparência de entidade sobrenatural ameaça percorrê-la.
É preciso coragem para um autor realista enveredar pelo mágico. Janete Clair possuia essa coragem e a intuição de que o dado mágico faz parte do repertório emocional de todo mundo, ainda qie reprimido. Em várias obras, como "O Semideus" e "Sétimo Sentido", o mágico sobrelevou. "Fogo Sobre Terra" tinha uma índia adivinha. Há também, de Ivani Ribeiro, agora na Globo, ao tempo em que escrevia para a Tupi, uma novela espírita interessantíssima, "A Viagem", com cenas passadas até em outro plano astral após a morte, Eva Wilma no papel principal. Dias Gomes na Rede Globo, com "Saramandaia" na linha do realismo mágico, também operou com o dado sobrenatural e magníficos resultados.
O personagem misterioso que Flávio Galvão interpreta em "Corpo a Corpo" está, portanto, na linha da herança romântica do folhetim. O romantismo operava com o sobrenatural. E está dando certo. Na semana que passou a novela esquentou.
Revista da TV - 23/12/1984 |
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