domingo, 6 de janeiro de 1985

Alice na hora da verdade


    Na quarta-fera, Denis Carvalho sentou-se em sua cadeira de diretor, diante de Joana Fomm, Stênio Garcia, Zezé Motta e Luiza Tomé, Os quatro atores viveriam cenas de muita tensão. Atento, Denis pediu que eles passassem o texto, "para já ir pegando o clima". Tudo começa com Amauri indo visitar Lúcia e implorando a ela uma chance. Quer se casar, mostra quanto dinheiro conseguiu, quer ficar ao lado de Alice, sua filha. Já no começo do diálogo, Denis dizia:

    - É uma discussão pauleira. Vai crescendo, expplodindo. Em dado momento, Lúcia se humaniza um pouco. Mas depois, volta a ficar histérica.

    Dito e feito. Joana Fomm levou sua personagem  a todas essas variações, chegando ao desespero e ao choro, com a voz trancada na garganta. E o clima se intensifica quando entra a filha Alice, que quer saber o que acontece. Não entende a presença de Amauri, que ela já conhecia mas não sabia ser seu pai. É Sônia quem grita a verdade. Nesse instante, Denis pediu ao câmera que usasse o zoom no rosto de Luiza Tomé, captando sua perplexidade. Os 100 mil dólares, da maleta de Amauri, se espalhava na cama. Ele se mostra um homem frágil que encobre o rosto e chora, amparado por Sônia, que lhe grita que ele é digno, não merece passar por coisas assim. Ela e Lúcia discutem, trocam insultos, o que para as duas atrizes não deixa de ser desgastante. Tanto que, fora de cena, Zezé Motta dizia:

    - As pessoas estão até achando que eu e Joana somos inimigas, mas não é iso. Só nossas personagens não se toleram. Nós nos gostamos muito e até rimos depois das nossas cenas de mau humor.

    Na gravação Stênio apresenta um Amauri desesperado. Joana faz de sua Lúcia uma mulher que briga para esconder a verdade, desdenhando o homem que ainda ama. A Sônia de Zezé é aquela que tem pena do amigo e quer que prevaleça a verdade e a justiça. A fraca Alice de Luiza Tomé é a vítima do destino, que repentinamente descobre um pai que sequer imaginava. Atento, o diretor dava vida a isso tuso, agradecendo depois a boa vontade dos atores, que se mostraram inteiros em cena, passando todo o alto grau de emoção pretendido.

Revista da TV - 06/01/1985


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